O passado, tal como o presente, é uma instância móvel, e dele só importa o que retemos a cada momento e o que recordamos depois de nos termos esquecido de tudo.
Por isso, por vezes é importante voltar ao passado como um visitante de um país estrangeiro, não como quem revisita uma casa a que não vamos há muito tempo.
Desse modo, o passado pode de repente assaltar-nos com uma urgência de sentidos que ilumina o presente e nos faz repensar as coordenadas.
Enough said, ouçam o 1º álbum de Kate Bush - The Kick Inside, 1978, quando ela ainda era uma protegée de David Gilmour (et pour cause).
Ouçam de seguida Aerial, o seu mais recente duplo, e percebam como uma evolução nem sempre é um avanço. É um ir em direcção a, mas não forçosamente em frente, ou para cima.
Há coisas fantásticas, não há?
PS. Quem mais poderia cantar, sem deixar de ser séria, uma canção sobre a máquina de lavar roupa, e fazer dela um momento com o seu quê de metafísico (em "Aerial")? -
"My blouse wrapping itself around your trousers/Oh the waves are going out/My skirt floating up around your waist...Washing machine/Washing machine."
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