Peru Antes do Natal
Just Music
20 dezembro 2023
2023: Looking back
30 outubro 2023
Roger Powell, Cosmic Furnace (USA, 1973)
Some of the electronic creators got a bit carried away by the wonders of electronics. Without questioning their technical ability and their engineering skills, and talking just about the music, they sometimes forgot about the meaning. The form is there, you can hear the intentions, but can’t feel the click. One of the big, big examples of this is Patrick Moraz, with the work he did on Refugee and then in his solo work, especially on the ominous “Story of I”. I bought his record as a young adult, hated it, sold it, and bought it again as declining adult just to confirm that my young self was right. It’s just too much self-indulgence.
Some would
say that Rick Wakeman went the same way at some point, and they are right. When
you are very good at your instrument it’s easy to indulge if you don’t know
where your north star is. And he got carried away with all sorts of
insignificant stuff that came to his mind. He got lost in ambient music and
endless recreations of his former greatness (YES stuff and some of his early solo
work).
Some would
say Keith Emerson did the same. I’d argue that Keith is a few notches above all
the others, but yes, when the 80’s came everybody was a little foolish and
wanted to be a keyboard star, 80’s style, even if they already were. But he is
not to be confused with Walter-Wendy Carlos. Or others that will go nameless.
Some would
say that Vangelis also went down that road. Have you heard his albums with Jon
Anderson? ¾ of it could go down the drain and nobody would notice. But there’s
all the rest, and although he wasn’t a wizard, he had feeling and emotion – even
in his cold wave period (Albedo 0.39, for instance). And he was an explorer,
moving from pop to emulation of symphonies to free jazz exploits (Hypothesis).
He may have not got there totally, but he lived trying; and in many ways he got
there (e.g. Blade Runner). So, there I’d disagree.
And then
there’s Roger Powell. Protegé of Mr. Moog himself, player with Todd Rundgren
and Utopia, Rainbow, Meat Loaf and Bowie, he had a lot of Powell on his hands. In
1973 he just set free this first solo release. It is a like a Chinese restaurant
table where you get to mix a lot of different plates. Some seem tasty at the
beginning, them a bit sugary, and you leave it on the plate. Some are just strange
(chicken feet with oyster sauce? WTF? Etc). Some you just lose interest. So,
what looked like an interesting tasting experience becomes boring.
Sometimes
it’s the recipe, sometimes it’s the cook, or the ingredients. But in the end
what reaches your palate is what you taste, and what you react to. On Trip
Advizer (sorry, Julian Cope) this would get a 2,5.
14 novembro 2021
A brava dança dos heróis substitutos - Tangerine Dream e o Eterno Devir
Pode uma banda que já não tem nenhum elemento original carregar com distinção o facho da música feita pela banda original?
Pode. Uma das provas a exibir é a verão atual dos Tangerine Dream, tocando temas da década de 70 / 80. Depois de desistir de acompanhar a produção galopante e de qualidade mediocriana da banda, os últimos álbuns, muitos sessões live, têm sido uma boa surpresa. Conseguem manter o feeling do período clássico ao mesmo tempo que o modernizam e, aspeto não desprezível, melhorar o som. Recomendo este de 2019, o 72ª da banda. Isto, claro, para quem se revê em sons planantes, melódicos e repetitivos com tendência para induzir a abstração.
24 janeiro 2021
LOCOMOTIVE - WE ARE EVERYTHING YOU SEE
10 outubro 2020
Prato do Dia: improvisação à francesa
Não gosto de rótulos porque, se servem para situar, servem também
para afastar; e portanto o rotulo de RIO (rock in Oppostion) aposto a estes franceses
pode afastar quem à partida “não gosta” de bandas RIO. Sendo sabido que RIO era
precisamente um movimento que se opunha à ditadura do gosto das editoras
musicais, muitos eram, nos 70, os fãs da chamada musica progressiva que não
nutriam especial carinho por bandas pouco alinhadas com um género que, também
ele, tem os seus cânones e panteões, para não dizer os seus próprios estereótipos.
Em vez de RIO digamos apenas que são uma banda de rock a
tender para musica largamente instrumental e digressiva. “Digressiva” assinala
o gosto por deixar os instrumentos falar num determinado contexto musical que é
lançado: por exemplo, uma base de baixo, bateria e órgão a deixar um sax à
vontade para improvisar. Quando se fala de improvisação, pensa-se logo em jazz,
como se só e apenas no jazz se improvisasse. Mas diga-se que nem o jazz é
musica (só) improvisada, nem obviamente o rock é desprovido de “improviso”. Que não se deve confundir com o
solo, porque, se o solo é o tomate no centro da salada do tema rock setentista
normalmente tem tudo menos improviso: é estruturado, pensado e desenvolvido
para ser repetido muitas vezes. E to cut a long story short estes Plat du Jour
são uma banda rock com um gosto definido pelo desenvolvimento instrumental dos
temas.
Talvez a capa desenhada, a branco e preto, com destaques a
vermelho contribua para a associação com a “oposição”, já que vemos uma figura
demoníaca de esgar escarninho com o que parece ser um blusão de cabedal à punk
mas sem calças, terminando as pernas nuns cascos e sem esquecer as
proeminências masculinas em evidência. Figura que nos seus pezinhos de cabra
está nu meio de uma fogueira em que ardem instrumentos destruídos de uma banda
rock e ao lado de um caldeirão de onde se espalhou o fogo. A origem da capa é
revelada na contra-capa, onde o demónio mexe o caldeirão com instrumentos lá
dentro. A destruição do rock, ou uma boa poção derramada sobre o mundo para o
subverter.
E quem assim ousa? Sete músicos que cometeram este único
álbum em 1977, que merecia melhor sorte
que ter desaparecido sem deixar rasto durante décadas, para ser re-editado em
2016 pela Mellotron Records em LP e pela Paisley Press em CD. Vincent Denis (voz,
guitarra), Rodolphe Moulin (baixo), Oliver Pedron (percussão), François Ovide
(percussão, que também tocou com Albert Marcoeur, Weidorje, Gwendal e John Greaves),
Alain Potier, agora chamado Granville) que também tocou nos So & Co (saxofone),
Jacques Staub (teclados. percussão) e François Maze (voz).
Que dizer da musica? Bons musicos, com óbvio gosto pela
exploração em direcção ao jazz (por vezes na vertente atmosférica de in a
Silent Way), mas sem sair da linguagem do rock. Bom interplay entre eles. Temas
fortes, angulares, frequentemente com um bom Groove. Às vezes Vincent Denis
junta vocais em semi-falseto como em “Zilbra”. A sua guitarra é rockeira,
parece às vezes que os riffs saem do hard rock. 6 temas no total para álbum coeso
e exploratório, que dá gozo ouvir e seguir e que deve apelar a quem goste do
rock mais fora da caixa.
28 abril 2020
Dennis, The Menace, creates a secret album on a German Hill
19 abril 2020
Dos YES para a Amazónia - Carioca & Devas - "Mistérios da Amazónia", Brasil 1980
Saltando de um passado de rock progressivo, o Carioca Ronaldo Leite de Freitas não era um novato quando decidiu dedicar-se unicamente aos sons acusticos. Começando por ser um cantor, tornou-se rapidamente um guitarrista experiente e criativo. Neste seu primeiro álbum a solo, auto financiado num esquema de crowd funding avant la lettre (vendeu os 1.000 exemplares a discotecas antes de o gravar), toca guitarra de 6 e 12 cordas, bandolim e cítara nordestina. É acompanhado por dois companheiros do seu antigo grupo, Devas, Sérgio Otazanetra na percussão e Fernando na flauta e no piano, assim como pelo experiente Zé Eduardo Nazário, que trabalhou antes com Milton Nascimento, Hermeto Pascoal ou Gismonti e ainda por Guedes (?) no baixo e vozes diversas.
O resultado é um disco místico, tropical, lírico e aventureiro, que estabelece pontes com o trabalho de Milton Nascimento e sobretudo Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos.
Carioca - alcunha que ganhou quando migrou do Rio de Janeiro para São Paulo - trabalhou também como professor de música, arranjador, compositor para teatro, dança e filmes e acabou a viver na Suiça para acomodar as necessidades das digressões constantes na Europa.
Reedição recente da alemã Altercat Records com todos os cuidados que a obra merece.
21 março 2020
Toto Blanke - "Electric Circus"
De todas as musicas que emanaram da Alemanha nos anos 70 e que surpreenderam (tardiamente) o mundo dominado (menos antes do que agora) pelo som Inglês e Americano über alles, a de Toto Blanke não é das mais conhecidas. Fazendo parte desse fermento criativo que quebrou as barreiras das linguagens e buscou (quase) sempre novas vias, quando não avenidas, Toto é guitarrista e tocador de banjo e foi membro anteriormente do Association P.C. com o mesmo Jasper Van Hoft que toca orgão neste disco (e que também fez parte dos Pork Pie), grupo mais virado para o jazz rock, começou por lançar a solo Spider's Dance, mais na linha do trabalho anteriormente feito.
30 julho 2019
Haizea - Haizea (Prog Folk)
Haizea biography (Prog Archives)
Formed 1975 in Hondarribia, Gipuzkoa, Spain - Disbanded in 1980
HAIZEA means "Wind" in Basque, and were part of the wave of prog folk from that region in the late 1970s. Sporting a sound that could best be described as psychedelic electric folk, the instrumentation consists of guitar (sometimes two), bass, drums, flute, assorted percussion, and the captivating voice of Amaia Zubiria.
Both albums are very interesting. "Hontz Gaua" is a classic prog free folk item with some Gregorian element, nice female lead and male backing vocals and beautiful atmospheric double bass. Their self-titled debut "Haizea"(1975) is a bit more intimate and is more Fairport-like. Highly recommended.
Haizea disbanded in 1980. Original member Txomin Artola had released an album prior to Haizea and another after he left in 1979. He later collaborated with Amaia Zubiria later on a series of folklore oriented discs in the early 1990s.