Se este blog não segue nenhuma intenção crítica séria, se não pretende ser referência, nem tão pouco um êxito de público, o que pretende ser então?
Ao menos que sirva para anunciar à escuridão circundante da internet, entidade vagamente fantasmagórica, vagamente humana, os meus gostos e o escasso porquê deles.
dEUS - aquele grupo belga que ninguém percebe porque é que é belga e no entanto não encaixa em nenhuma outra geografia. Aquilo que se manifesta mais, depois de os ouvir faz já uns anos, é a sua interpretação calmamente disléxica de uma realidade que na primeira abordagem parece normal. Há uma deriva nas raias do borderline que torna os significados correntes reconhecíveis mas estranhos. Não consigo explicar melhor. Vem na capa do último álbum da Róisin Murphy (ex Moloko), uma frase muito curiosa da Laurie Anderson, e que pode ajudar a explicar esta dificuldade: "writing about music is like dancing to architecture". As dificuldades da tradução deixam a língua original intocada, e com o seu esplendor intacto.
Portanto: ouvir "The Ideal Crash", ou fazer um percurso pela obra em "no more loud music".
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