Haverá uma idade para o vinil e portanto este será um marco geracional ou o revivalismo que actualmente se vive, e que parece apelar às novas gerações (ou as novas edições não sairiam também neste formato), é mais do que um hype momentâneo e tem a ver com as suas características próprias?
Momentosa questão, de dura resposta, pelo menos para mim que certamente sou da idade do vinil. Eu vivi com entusiasmo e alguma dor a chegada do CD (como aceitar de repente que a nossa colecção privada, arduamente conquistada, se tornou obsoleta?). Os próximos cinco anos dirão; será que a FNAC vai continuar a ter montras, cada vez maiores, de novas edições e reedições em vinil de 180 gramas? Veremos. Mas precisamente o facto de haver tantas reedições de luxo faz-me desconfiar que estamos perante um nicho; quarentões endinheirados que podem pagar 20€ por uma obra que certamente já tinham em CD (ou em ficheiro...), não são o garante de continuidade de um formato...
Certo é que ouvir vinil continua a ser uma experiência agradável. Um gira-discos, mesmo budget, e um amplificador de gama baixa continuam a proporcionar uma experiência auditiva muito satisfatória, mais que um leitor de Cds budget. Sem entrar em grande pormenores, porque a matéria tem sido alvo de inúmeros posts e artigos em revistas, o vinil oferece um som mais coeso e mais natural que o CD. Ponto.
Portanto, abordo a questão de um ponto de vista meramente pessoal. É por um misto de gosto pelo som, pela procura de edições que nunca sairam em CD e por mera nostalgia que compro vinil. Um facto pouco reflectido é que quando mudamos de formato abandonamos um legado importante de obras; quantos filmes existiram em VHS e que é hoje impossível encontrar em DVD? Quantas cassetes contêm obras que nunca passaram quer a vinil quer a CD? Pois o mesmo se passa com o vinil; muitos LPs, EPs e singles nunca passaram à fase seguinte.
Faço aqui um parentesis para dizer que, neste aspecto, os ficheiros são uma etapa equalizadora neste percurso; pois é possivel traduzir para um mp3 quer o 78 rpm, quer o single, quer a cassete e mesmo a banda sonora do VHS. E, aliada à simplicidade do formato, a acessibilidade através da net tornou-o uma plataforma democrática. E não só para os ficheiros de música; é hoje possível encontrar filmes que já não estavam disponíveis há décadas, através de dois cliques. Citando o primeiro "American Pie": "God bless the internet!"
Este longo intróito é para fazer reflectir os Peruanos, quiçá desempoeirar as rodelas lá de casa e, porque não, dar uma volta pelas lojas de discos usados para reviver o passado. E algo mais...
Preparem-se para sujar os dedos. E usar artefactos semi-esquecidos (a escovinha dos discos; trocar uma agulha, afinar um braço...)
Eu sou um quase habituée da Carbono, mas outras lojas da capital (Vinyl for life, Discolecção), merecem uma visita. Ou a Underground Records na Rua do Almada, no Porto.
Das minhas visitas resultam sempre espolios mistos; discos que eu tinha esquecido e voltou a vontade de ouvi-los; discos que sempre quis ouvir; discos que são boas oportunidades, considerando o preço e o valor deles no mercado de segunda mão; discos que já tenho em CD discos com capas fabulosas; e os guilty pleasures.
Da lista de capas seguintes, que representa uma parte das minhas aquisições recentes, deixo ao cuidado de cada um enquadrá-los nas categorias acima...
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Léo Ferré - Amour Anarchie Vol. 2 |
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Jacques Brel - Brel (último álbum)
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Terje Rypdal - Chase |
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Ravel - Alain Lombard com a Orquestra Filarmónica de Estrasburgo (1975) |
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Neil Young - re.ac.tor |
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O 1º álbum dos America |
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O baladeiro canadiano Gordon Lightfoot |
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Um John Cale Comes Alive (creio que nunca editado em CD) |
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Geroge Thorogood and the Destroyers - Move it on Over |
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Um Roy Ayers vintage - Ubiquity
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Caravan - Cunning Stunts |
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O 3º dos Blood, Sweat & Tears |
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Frampton e Bee Gees a fazer o Sgt. Peppers num musical? Hum... |
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Joe Jackson - Jumpin' Jive ("what's the use in getting sober if you're going to get drunk again?") |
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O 2º dos Pretenders |
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O álbum de 82, com o fantasma de Lennon na contracapa... |
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Vitorino, 1975 - Semear a Salsa à Revolução |
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Martha Sebestien - os Muzsikás e os seus blues folk da Transylvania |
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Rick Wakeman e Roger Daltrey e a banda sonora de Lisztomania |
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Soft Machine - Softs |
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