03 março 2011

Um tema por dia (3/3/2011)

Lou Reed, Kids, Berlin

Prosseguindo, na mesma senda, a história não ficaria completa sem a menção a Lou Reed, já por diversas vezes referido neste canto da net, sobretudo pelo Hélio C., fâ fervoroso. Se John Cale é o génio louco, Lou Reed é o enfant terrible. Assumindo o perfil de rocker duro, sempre em busca do som perfeito para a sua guitarra (numa busca em que tem um parceiro seu contemporâneo, Neil Young), Reed foi sempre crescendo e ganhando estatuto, através de uma gestão inteligente do seu passado, mas não vivendo à sombra dele. Os seus álbuns mais recentes são também dos mais consistentes e criativos wue fez.

Este tema é da recriação ao vivo de "Berlin", álbum mal amado (incompreendido?) quando foi lançado, creio que em 74, e que tem vindo a ganhar peso especifico não só na discografia de LR como na história do rock. O espectáculo na igreja de St. Anns (e que passou por Portugal na mesma noite em que Neil Young se apresentou no Optimus Alive, em 2008), é portentoso e uma clara melhoria relativamente ao original. O tema "kids" não é a escolha mais óbvia, mas selecionei-o por ser um dos temas mais depressivos que conheço, versando sobre a retirada dos filhos à senhora que se porta mal ("the black airforce sargeant was not the first one"), e que acaba com um final lancinante, com o choro das crianças. Desaconselhado para dias primaveris...

1 comentário:

  1. Mas o tempo passa… segue-se “The bed”, e, depois de mais uma passagem no tempo, a última música, “Sad Song”. Apesar de nostálgica, é detentora de uma qualidade redentora incrível! Tem o brilho e a magia de uma história passada…
    Lou Reed é um grande compositor e um grande poeta. Não resisto a deixar neste breve comentário o poema “Dime Store Mystery”, do álbum “New York” (um dos melhores de sempre).
    A música de “Dime Store Mystery” é verdadeiramente genial. Simultaneamente envolvente, enérgica e inquietante, transmite uma força colossal que cresce impetuosamente, fazendo justiça a um poema igualmente genial e certamente marcado pela morte do amigo Andy Warhol.

    Dime Store Mystery

    He was lying banged and battered, skewered and bleeding
    Talking crippled on the cross
    Was his mind reeling and heaving hallucinating
    Fleeing what a loss

    The things he hadn’t touched or kissed his senses
    Slowly stripped away
    Not like buddha not like vishnu
    Life wouldn’t rise through him again

    I find it easy to believe
    That he might question his beliefs
    The beginning of the last temptation
    Dime story mystery

    The duality of nature, godly nature,
    Human nature splits the soul
    Fully human, fully divine and divided
    The great immortal soul

    Split into pieces, whirling pieces, opposites
    Attract
    From the front, the side, the back
    The mind itself attacks

    I know the feeling, I know it from before
    Descartes through hegel belief is never sure
    Dime store mystery, last temptation

    I was sitting drumming thinking thumping pondering
    The mysteries of life
    Outside the city shrieking screaming whispering
    The mysteries of life

    There’s a funeral tomorrow
    At st. patrick’s the bells will ring for you
    Ah, what must you have been thinking
    When you realized the time had come for you

    I wish I hadn’t thrown away my time
    On so much human and so much less divine
    The end of the last temptation
    The end of a dime store mystery

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