13 novembro 2014

Palavras de velho



Agora que o prog está na mó de cima outra vez, não faltam reedições, re-limpezas. re-mixagens. faixas acrescentadas, notas elogiosas e comentários superlativos. Fala-se dos discos dos Yes como do Santo Graal, os King Crimson são deuses intocáveis, os Led Zeppelin fartam-se de ganhar dinheiro outra vez, David Gilmour vai ser o próximo Papa, grupos que já tinham sido enterrados discretamente renascem e dão concertos para plateias cheias (Strawbs, Caravan, Fairport Convention, Camel, you name it...), enfim, o que está na moda é ter uma longa cabeleira de cabelos brancos e abaná-la, esperando que não salte a placa...


Hoje em dia há edições de discos que não foram editados há 40 anos atrás, tal era o ritmo e a qualidade dos trabalhos a sair, e que nos deixam de queixo caído. Outras obras, que venderam meia dúzia de exemplares e das quais praticamente ninguém ouviu falar, são editadas como obras-primas esquecidas. O passado é uma imensa mina de tesouros refulgentes, fechada todos estes anos e esperando estes Novos Salteadores da Arca Perdida

Mas eu pergunto: então e nós? Os que andámos a pregar no deserto este ano todos? Os que foram escarnecidos - sim, escarnecidos - por gostarmos de rock pomposo, difícil, alucinado, chatíssimo... Eu acho que merecemos uma estátua. Por resistirmos contra vagas sucessivas de assalto - do punk (aaargh!) , New Wave (socorro!), góticos (ar fresco, por favor!), Electro (desliguem a ficha), House (Por favor parem), Hip Hop (desentupam a fossa!) e o intragável R'n'B americano em geral...

Então, por favor, acendam um isqueiro por nós... não, não é uma selfie... e com esse isqueiro acendam alguma coisa... e ide, sede felizes e ouvide os Moody Blues (sim, esses ainda falta recuperar... será na próxima geração....)

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