25 janeiro 2015
Tesouros do Baú: "Les Chants du Ghetto"
Este vinil é um objeto fora do baralho, tanto pelo tema como pelo estilo. Uma obra de Sarah Gorby, cantora Yidish, com estruturas sonoras de Lasry-Bachet, além de uma belíssima capa de Raymod Moretti, é um álbum que está muito distante da cultura de entretenimento (tal como a concebemos hoje), mas é uma obra de significado profundo sobre a raiz da música. Explico: o disco é uma recolha dos cantos judeus nos campos de concentração e nos ghettos (como o de Varsóvia), orquestrados por Lasry-Bachet.
Nas mais duras condições que se possa imaginar, sem certezas sobre o dia de amanhã, afastados das famílias e dos amigos, vivendo no limiar da sobrevivência, os judeus continuaram a fazer música e a cantar. No campo de Theresienstadt, para onde foram deportados muitos artistas, às espera de passar para os campos de extermínio, continua mesmo a criar teatro e a fazer representações.
Naturalmente, a temática do disco são os próprios acontecimentos da guerra, os lamentos sobre a perda dos seres queridos - várias canções são sobre crianças. Alguns temas assumem mais uma estrutura de marcha, o estilo necessário para instilar resistência nos corações, como o último "Letzen Weig" ("O canto dos guerrilheiros"), mas a maior parte são de género confessional.
Parece ser uma obra cujo relevância se perdeu, embora haja várias reedições e possa encontrar com facilidade à venda na net. O Youtube tem várias canções de uma edição mais recente desta obra, mas nesta aldeia global a primeira visualização de alguns temas é minha!
Não será a musica festiva de Domingo de manhã que alguns gostariam, mas é uma obra interessante, sensível e de um interesse humano e histórico muito grande.
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