23 junho 2006

propósito

Fascina-me saber que há coisas que não sei, e um grande sentido oculto que me escapa em tudo o que acontece; fascina-me que esse sentido seja tão vasto que se escapa sucessivamente, logo após me parecer que, agora sim, o entendi. Viver pelo mistério é apenas uma forma de viver: não tão angustiada como acreditar nas certezas matemáticas da realidade, nem tão feliz como a visão apaixonada do universo. Quero com isso dizer que não há formas melhores ou piores: cada uma tem desafios e alegrias; e mesmo que as formas se sucedem muitas vezes: a uma fase de procura de uma chave para o mundo pode suceder de imediato o desinteresse pela explicação, acompanhado pela admiração pelo enigma. E até que em diferentes papeis que desempenhamos uma ou outra forma se acentua. Seguramente que não são conciliáveis, o que só faz aumentar a minha convicção que a realidade é um quarto escuro em que tacteamos com diferentes sentidos: ora um leve perfume, ora um entrever de sombras, ora um objecto que se cola ao corpo.

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