Os Crimson Jazz Trio são, naturalmente, um trio de jazz que toca temas dos King Crimson.
O jazz, mais do que uma linguagem que traduz outra, é uma linguagem própria. Digamos que não é apenas uma grafia das palavras, é uma linguagem. O que significa que não é por tocarmos uma musica com um trio de jazz que ela se torna uma musica "de jazz". Dino Meira e o seu "Zum Zum Zum" tocados em sax, contrabaixo e bateria nao se torna um standard jazz. Daí que a materia prima seja importante. Daí que temas dos compositores amicanos do século 20, como Rodgers e Hammerstein ou Cole Porter tenham sido tão facilmente transcritos para o jazz e se tenham mesmo tornado standards absolutos (só um exemplo, e que exemplo, John Coltrane a reinventar "My Favourite Things").
Serão os King Crimson uma banda de jazz? Certamente que não, embora musicos de jazz tenham feito parte da sua formação, como Keith Tippett em "Lizard"', e neste album, particularmente, se façam ouvir incursoes jazzisticas notaveis. Mas os temas crimsonianos são, em geral, tãoo jazzaveis como os do Jethro Tull ou os dos Pink Floyd.
Os CJ3 lancaram o primeiro volume em 2007 e o segundo em 2009, com temas tanto da primeira fase como da segunda dos KC.
Esta é a casa virtual deles: http://www.crimsonjazztrio.com/
Esta é a casa virtual deles: http://www.crimsonjazztrio.com/
Infelizmente, Ian Walace, colaborador dos CJ3 e que fez parte das primeiras formações dos KC, viria falecer há poucos anos.
A existência dos CJ3 pode justificar-se pelo amor à musica dos KC,perfeitamente natural. Os KC sao dos mais brilhantes compositores do seculo passado (falamos essencialmente de Fripp).
Ouvir os CJ3 é ouvir os KC e é ouvir jazz. Desse ponto de vista, são uma aposta ganha. Se os temas são detectaveis, e portanto geram um reconhecimento confortavel, são tambem eficazes como peças de jazz. O trio é competente a traduzir as peças para esta linguagem. Para os Crimsonianos, e não só para os completistas, esta é uma adição importante ao opus púrpura.
Não deixo de me interrogar: o que pensará Robert Fripp deles? Aparentemente, para ele que varreu do seu set ao vivo praticamente tudo o que tem a ver com os primeiros albuns da banda, já nada disto fará muito sentido. Mas ele é o Criador, cabe-lhe seguir em frente. Nós podemos sentar-nos confortavelmente no sofá e apreciar.
Este comentário é do Sérgio R. , e é bom demais para ficar só no meu mail:
ResponderEliminarMAGNIFICO. MAGNIFICO.
A música do Criador é eterna. O Jazzismo, superior.
Robert Fripp seguramente não pensa nada deles - porque são eles que pensam em Robert Fripp. Robert Fripp compôs. E esse foi o momento supremo do seu pensamento. O momento supremo do seu racionalimo criador. Robert Fripp é um compositor matemático (não um compositor poeta) que compõe poesia.
A ligação dos KC ao Jazz foi grande, não só pela sofisticação da sua música, mas também pelo facto de desde muito cedo terem estado rodeados de músicos estilisticamente jazzistas: Michael Giles (da formação Giles, Giles & Fripp), apesar de ser um baterista de rock, era jazzeiro qb; Keith Tippett era um jazzeiro arrojado - mestre no Music for an imaginary film, com o famoso Soft Machine Elton Dean - que não só colaborou no In The Wake of Poseidon e no Lizard, como é figura central no Islands (lembremo-nos do impressionante "solo-de-piano-engasgado" do tema que dá nome ao album: simplesmente uma Obra Prima!); Ian McDonald sopros à Jazz; Mel Collins sopros jazzistas...
Quanto a Ian Wallace: grande baterista.