07 outubro 2010

O que há de novo?

Leonard Cohen continua a fazer render os seus espectáculos ao vivo. Sempre bom, mas a razão de se ir a um espectáculo ao vivo é o disco ser insuficiente. Pescadinha de rabo na boca? Bom, ao menos que o dito esteja limpo. E está... Limpo, escorreito e às vezes demais, como quando esquecem todo o magnífico Who by Fire e o fogo judaico do alaúde do barcelonense Javier Mas. Mas há que ver que há óbvios pontos de seguimento do prévio "Live In London". A reforma a tanto obriga...

Coheniano empedernido como sou, seguidor fiel dos seus 76 anos ao vivo, não posso deixar de notar que, valha-nos a dignidade da rendição destes temas, falta o "over the edge" que por vezes permeava o juvenil Cohen. O "la la la" de coro de amigos de "Sing another song, boys", a desafinação de "(No) Diamonds in the Mine", a amargura cínica de "Dress Rehearsal Rag", outra vez um "la la la", o de "One of us cannot be wrong", o drama telúrico de "Avalanche" e a força dramática de "Dress Reharsal Rag": "Four o' clock in the afternoon /and I dont't feel like very much / I said to myself / "where are you golden boy, where's your famous golden touch?". Mas, basicamente, é uma questão de escolher o Cohen que mais nos agrada. Porque o homem tem para todos os gostos - e ultimamente procura perpetuar-se junto de gerações para quem o sabor amargo da auto crítica não é um espelho - é um objecto de adoração. E é nisso que Cohen se tornou - uma vaca sagrada, um "golden boy" cujo reflexo durará muito mais que o rosto.

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