07 outubro 2010

O que não há de novo

No capítulo dos maiores de 40, Santana terá uma certa clientela. Não é uma clientela certa, porque uns gostaram de uns produtos, outros de outros. Há quem derreta memórias nos meandros latinos de Samba Pati ou Oye como va; há quem aprecie a sua fase mística - transcendente (confesso-me desde já), de Caravanserai, Love Devotion and Surrender, Oneness e Borboletta; há quem vibre com o shake oitentista de Zebop! e Havana Moon; há quem goste de picar uns temas colaborativos que começou a desentranhar nos anos 00, com praticamente toda a gente que mexia nos tops e que lhe podia garantir um share conveniente de green dollars (nota em tempo: com resultados frequentemente muito satisfatórios, ocasionalmente muito chatos).

El señor lança-se agora a recriar grandes temas de guitarra. Pergunta-se à Virgem de Guadalupe, à falta de outras, porquê? Os temas eram bons, já sabiamos. Santana é um guitarrista bom, muito bom, no seu âmbito de certa forma limitado, quase sempre de latinidade, com uma técnica exímia, mas curta, e um ouvido excelente, mas demasiado doce (lá está, exceptua-se a fase mística). Porque quer reduzir ao máximo denominador comum temas como  Whole Lotta Love, Sunshine of your love, While my guitar gently weeps (Clapton duas vezes castigado?),  Back in Black, Riders on the Storm, Smoke on the water, Little Wing? Quer de alguma forma dizer que é melhor que os originais? Get lost, Carlos... Quer dar-lhes o travo da latinidade? Quer trazê-los para gerações mais novas? Quer só dar de comer aos filhos?

Acredito que quando se chega a um estado de stardom nos chega também uma vontade de celebrar os nossos herois, dar-lhes o destaque de dizer: foram vocês que me trouxeram até aqui. Porém, quando alguns deles têm um estatuto maior que o nosso (Jimi Hendrix! Jimmy Page!), talvez corramos o risco de nos tornarmos o Fausto Papetti da guitarra (bom, pelo menos ele tinha capas memoráveis!). Santana a prestar homenagem ao Hendrix e ao Page pode parecer forçado. E, pior que tudo, uns bons furos abaixo do original. Mesmo que os convidados sejam muito ilustres (e são).

E a imagem da capa, enésima variação do orgasmo em seis cordas?....

















Alguém lhe arranje outro neto.

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