Sobre eles disse Robert Wyatt "Terrific Stuff!"
E, vindo de quem vem, estaria tudo dito.
Na verdade, devo advertir que este é para poetas e sofredores, para aqueles para quem a melodia não vive sem a palavra. Ou melhor, para quem a palavra é a melodia.
5 álbuns editados (dos quais conheço apenas os dois mais recentes, este e "A Wretched sinners' song").
Lyndon Morgans é a espinal medula criativa do trio. O poeta.
Poderia transcrever aqui versos inteiros para vos dar uma ideia da desolação e deserto de que enferma (e digo-o conscientemente), a música dos Songdog. Porém, seria sempre apenas um fragmento de uma epopeia, como reduzir "Os Lusíadas" à "ocidental praia lusitana"`e "mares nunca dantes navegados". Prefiro dar-vos o mote, e o ambiente, induzindo, quem sabe, a uma descoberta, que tocará de forma diferente as diferentes sensibilidades.
Para eles, uma canção reduz-se (!) a um poema exposto em instrumentos diversos, os quais podem incluir guitarra esparsamente dedilhada, acordeão, bandolim, banjo, harmónica, piano etéreo.
Amigos, se procurais os abismos da alma e sois parciais quanto a Florbela Espanca, Herberto Helder, Rimbaud, Al Berto, Paul Éluard, ou se nos vossos momentos de dilaceração espiritual já se encontraram com as Gymnopédies de Satie, a Pavana para uma Infanta Defunta de Debussy, Songs of Love and Hate de Cohen ou os momentos mais metafísicos de Joni Mitchell, Lee Hazlewood (não sei porque me aparece este aqui agora), Léo Ferré e o último disco de Brel (aptamente intitulado "Brel"), encontrareis aqui razões para seguirdes buscando a essência última do vosso ser.
Que, como descobrireis, tem a forma de uma maçã e se chama Gertrudes.
Até lá, gozai a doce decadência que emana destes acordes e desta voz em sofrimento.
Depois, ouvide o último disco da Shakira e o mundo será um lugar melhor.
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