Snowy White não é um nome que sugira imediatamente um foco de luz sobre a sua cabeça. No entanto, se eu disser que acompanha os Pink Floyd desde meados dos anos 70 e que os acompanhou em digressões e tocou nos espetáculos do The Wall, e que toca regularmente com Roger Waters, o interesse começa a surgir. Snowy é um daqueles músicos demasiado bons para deixarem de ser requisitados pelas bandas e que tem dificuldades em conciliar o fluxo regular de trabalho que este tipo de convites geram com o desejo de ter a sua própria banda. Na verdade, o que vai fazendo é publicar albuns a solo no intervalo dos trabalhos regulares em que o solicitam.
Snowy é, naturalmente, um guitarrista experimentado; nos espetáculos ao vivo de Roger Waters cabe-lhe a parte de leão dos solos, sobretudo no Comfortably Numb, em que disputa o palco com um indivíduo mercuriano, cheio de hormonas masculinas capazes de derrubar um campo de futebol de Milfs suculentas. Na realidade, o outro indivíduo, que até não é mau guitarrista, fica-se pelo estilo e pela correção, enquanto Snowy toca com feeling e sentimento.
Cruzei-me com o seu primeiro álbum a solo numa excursão pela selva do vinil,e lá o capturei através de artimhanhas do multibanco. Deixando-o expandir-se em espiras soltas, revelou-se: no geral, fica uns furos abaixo do que Snowy sabe fazer. Demasiado pop, semi funk, a meio caminho entre ser e não ser Eric Clapton ou Mark Knopfler, não resolve as expectativas de quem, como eu, só conhece o seu trabalho na companhia de muito bons músicos. Mas, hélàs, o tema duplo "The Journey" mostra, num registo fusão, com quantas cordas se toca uma guitarra. É o tema que salva o álbum e dá um cheirinho a progressivo.
Há ainda "Bird of Paradise", um tema à la Clapton, que foi o maior hit do álbum na altura do seu lançamento e que não é de todo desinteressante, no género desossado em que Clapton se especializou (já ganhei inimigos figadais no you tube por dizer o que penso dele...). Enfim, estou para aqui com coisas, mas se me dissessem que era Slow Hand himself, comia que nem Nestum com Mel. Chapeau.
É destas figuras ultra competentes que se alimenta uma industria em que muitas vezes as cabeças de cartaz são só cartaz e pouca cabeça. Portanto, nada a dizer, sr, White.
Sem comentários:
Enviar um comentário