Este CD dos Slapp Happy ao vivo no Japão em 2002 é não só o ultimo grito, melhor seria dito sussurro articulado, de Dagmar Krause & compinchas, como o ressuscitar de um projecto morto para outros Henry Cow e Art Bears posteriores e ainda um descarnar acústico de uma das bandas mais palidamente brilhantes que a modernidade britânica produziu. Naturalmente imprescindível.
A publicação de "Simple Songs" de Jim O'Rourke agorinha mesmo deveria enviar arrepios de prazer pela espinha de quanto peixe sensível à música houvesse no Mar, não sendo assim eu cá estou a ouvi-lo. Este temporário compagnon de route dos Sonic Youth e dos Wilco e experimentador nato, japonês por adopção e espírito livre, acaba de publicar o primeiro álbum em 14 ou 15 anos, deliverando a versão contemporânea mais próxima do que é o verdaedeiro pop rock progressivo, num álbum que demorou cinco anos a fazer. Excelente texto na Uncut deste mês, em que ele revela que é Genesiano convicto, fase Lamb Lies down, assim como todos os outros músicos que tocaram no álbum. Curiosamente, cita como outras influencias os 10cc e os primeiros álbuns de Peter Gabriel e tudo isso faz sentido, de forma pouco linear, mas faz. Os 10cc precisam de ser revisitados, digo para mim mesmo - isto para todos os que conseguirem passar por cima do preconceito enjoativo de I'm not in love - que é excelente mas é como a mayonese nos hamburgeres, é sempre demais.
E um tema puxa o outro, acabo nesse excelente disco que ele publicou em 1999, Eureka, o seu trabalho mais acarinhado - muito mercê de Ghost Ship on a Storm e este excepcional Prelude to 110 or 220 / Women of the World
Parêntesis para trazer à luz essas pinturas marcantes de Mimiyo Tomozawa em Eureka e Insignificance e que definem o álbum mais que o seu conteúdo - tanto que Jim refere que o primeiro não teria saído sem aquela capa. É muito japonês, é muito perverso e é muito penetrante.
E toda a estranheza será recompensada, pelo que desemboco nas alturas tibetanas e na contemplação mística dos Popol Vuh. por via do compositor e pianista / teclista Florian Fricke, num álbum saído há muito pouco pela sempre atenta Soul Jazz Records - Kailash. Temas inéditos em piano solo (mas inspiradores de temas dos Popol Vuh), a banda sonora do filme de exploração mística do monte Kailash lugar sagrado dos Himalaias e o próprio filme compõem esta obra em três peças. A mais interessante parece ser, para já, a segunda, a banda sonora de Kailash. À falta do costumeiro link youtube, fica o site da editora, onde é possível ouvir samples.
http://www.souljazzrecords.co.uk/releases/?id=41244
O ano progride por vias ínvias, avançando e recuando, como sempre acontece com a evolução. Saudemos o tempo.
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