Com todas as limitações de não ter ouvido muitos dos discos que pululam nas múltiplas listas, então aqui estão alguns dos discos de 2010 que me deu e dá prazer ouvir, salvaguardando que outros se venham a revelar favoritos com o tempo. Mas não é sempre assim?
Enfim, são estes:
Dangermouse and Sparklehorse – Dark Night of the Soul
Edição finalmente este ano, após disputa conturbada entre Dangermouse e a Emi, e embora o disco já estivesse disponível para download ilegal na net, este disco é uma das estrelas de 2010 e estou surpreso de não ver nos lugares cimeiros de algumas publicações. Infelizmente, Mark Linkous, o nome por trás dos Sparklehorse, suicidou-se em Março deste ano. Para este registo frágil e belo deram colaboração nomes como Black Francis, Julian Casablancas, The Flaming Lips, David Lynch, Iggy Pop, Vic Chestnutt, Suzanne Veja, entre outros.
Edição finalmente este ano, após disputa conturbada entre Dangermouse e a Emi, e embora o disco já estivesse disponível para download ilegal na net, este disco é uma das estrelas de 2010 e estou surpreso de não ver nos lugares cimeiros de algumas publicações. Infelizmente, Mark Linkous, o nome por trás dos Sparklehorse, suicidou-se em Março deste ano. Para este registo frágil e belo deram colaboração nomes como Black Francis, Julian Casablancas, The Flaming Lips, David Lynch, Iggy Pop, Vic Chestnutt, Suzanne Veja, entre outros.
Neil Young – Le Noise
A colaboração com Daniel Lanois produziu um álbum de som potente, dos melhores temas que Young escreveu e uma reafirmação do génio deste resistente – um dos meus heróis pessoais.
Scout Niblett – The calcination of Scout Nibblet
Scout Niblett – The calcination of Scout Nibblet
Explorações à guitarra eléctrica, um som poderoso e uma técnica muito expressiva. Quem disse que mulher não sabe rockar?
O regresso de uma lenda da música negra norte-americana, com um disco autobiográfico, em que Scott-Heron parece às vezes estar a exorcizar os seus demónios, como em “Me and the Devil”. Negro, intenso, brilhante.
Outro regressado, com a mão providencial dos Okkervil River, para um dos registos mais genuínos do ano. A melhor música faz-se com aquilo que cada um sabe, e sente, e próxima do coração.
Caribou – Swim: Explorações sónicas, rítmicas, hipnóticas, algumas dançáveis, de um canadiano mutante.
Observações perspicazes e minuciosas da vida, como em “Only an Expert” – servidas por uma orquestração (em Laurie Anderson raramente se pode falar em “canções”) competente, com o habitual edge nova-iorquino (e um pouco de Lou Reed).
Art rock inteligente, bem feito, charmoso, vindo da… Dinamarca.
Soul Funk Pop portuguesa irresistível.
Rock tradicional, bons riffs, energia, joie de vivre… Anddaram na mesma escola dos Stones e dos The Who, embora as notas não sejam as mesmas.
Sleepy Suns – Fever
Sleepy Suns – Fever
Guitarras cheias de delay, reverb, algum feedback e um sentimento excursionista, vozes com um feeling laid back, trips e baladas.
Há qualquer coisa de efectivamente viciante na música electrónica aparentemente simples deste duo. Aqui intervalam faixas dançáveis com outras mais introspectiva, mas as melhores são claramente as dançáveis.
Não há como não gostar deste som saltitante que funde rock e ritmos sul-africanos e que é o mais recente coquétel rock adolescente. Bebe-se de um trago.
Sade tem um segredo, que usa para fazer pouco, mas bom. Nunca sai de moda, nunca arrisca e é sempre de um bom gosto irrepreensível. Provou-o mais uma vez.
Songdog – a life eroding
Galeses de palavra, poetas com instrumentos à mão. A sua música é de crueza de palavras e nudez da alma. É melancólica, triste,
Depois do brilhante “The trials of Van Occupantther”, “The Courage of Others” mantém o nível, embora seja um registo mais melancólico. Belos temas e belos executantes. Melodias que ficam.
Afrocubism
Cruzamento de música do Mali com música cubana, este deveria ter sido o som do filme “Buena Vista Social Club”, se os Malinianos (?) tivessem conseguido vistos. Assim, tivemos dois bons discos, mas este é nitidamente superior à banda sonora do filme, pelo cruzamento enfeitiçado dos ritmos, como se Cuba nunca tivesse saído de África e a música cubana tivesse encontrado uma raiz e crescido com um novo tronco. Com o excelente Toumani Diabaté, que surge em algumas publicações associado a outro dos discos do ano, que não ouvi: “Ali Farka Touré e Toumani Diabaté”.
Mário Laginha – Mongrel
Um Laginha dentro de Chopin, recriando o Chopin que há dentro de si. Cada vez se faz melhor música em Portugal.
Um Laginha dentro de Chopin, recriando o Chopin que há dentro de si. Cada vez se faz melhor música em Portugal.
Pode juntar-se-lhe um disco da polaca Symphony Jazz Project, saído também este ano e chamado simplesmente “Chopin”, como termo de comparação da reinvenção do genial polaco, mas para mim Laginha fica acima. Claramente.
Uma ediçao Bee Jazz, que começa, para mim, a ser umsêlo de qualidade, pelas excelentes edições que me têm passado pelos ouvidos: Codjia é um guitarrista talentoso que aqui deixa um registo em trio de covers de rock, de um imparável “Billie Jean”,a “Hallelujah” de Cohen, ou um improvável, mas não menos ousado, “Hunting high and Low”, dos A-HA. O som faz-me lembrar um pouco o trio de Ginger Baker com Bill Frisell na guitarra, embora o som de Codjia seja mais “sujo”. Imperdível.
Brad Mehldau - Highway Rider
Trabalho de fusão jazz e orquestra, mas não no sentido ilustrativo, de orquestra servindo de fundo, ou a orquestra tomando o lugar do jazz. Um trabalho conceptual e de fôlego, o segundo de Mehldau neste termos. Além de influências da música dita erudita pré-contemporânea, Mehldau de alguma forma incluiu nestes temas também a admiração também pelo trabalho de François Rauber com Jacques Brel e de Bob Alcivar com Tom Waits.
Brad Mehldau - Highway Rider
Trabalho de fusão jazz e orquestra, mas não no sentido ilustrativo, de orquestra servindo de fundo, ou a orquestra tomando o lugar do jazz. Um trabalho conceptual e de fôlego, o segundo de Mehldau neste termos. Além de influências da música dita erudita pré-contemporânea, Mehldau de alguma forma incluiu nestes temas também a admiração também pelo trabalho de François Rauber com Jacques Brel e de Bob Alcivar com Tom Waits.
Não sei se é dos melhores do ano do Brasil, mas é bom e novo. Os Couple Coffee são um grupo que faz música que não é (só) MPB nem Bossa Nova – é só boa música, orgânica, mexida, a raiar o jazz, com letras inteligentes, um tema de Sérgio Godinho, participação de José Peixoto e um outro tema cantado por J.P. Simões.
Compilações:
Soul Jazz Records – Singles 2009-2010 – musica de dança nova e ousada. Desbravando caminhos. Pode emparelhar com Caribou.
Deustche Elektonische Musik – a redescoberta do krautrock é um fenómeno recente que tem trazido a lume clássicos e nomes que quase ninguém tinha ouvido falar. É um bocado como dizia a Clara Ferreira Alves numa entrevista com o Embaixador inglês cessante no Expresso desta semana: toda a gente anda a “reler”, ninguém admite que anda a ler coisas antigas.Eu admito: não se passa uma semana sem que descubra coisas “novas” antigas. E esta é uma boa compilação para quem quiser começar a descobrir. E também da Soul Jazz Records.
Reedições:
Apenas destaco aqui uma edição preciosa, que não ando a reler, ando mesmo a ler: Don Ellis, “Haiku”. Um disco de jazz fenomenal, mas que não é puro jazz: resulta desse período particularmente criativo dos anos 70 em que o jazz abriu as portas a outras (a todas?) as músicas. Esta é uma re-edição MPS do álbum de 1974, gravado com orquestra e um rol impressionante de músicos sonantes, entre os quais destaco Larry Coryell e Ray Brown. A música é de uma leveza e de um espírito admiráveis, e, já agora, de uma beleza notável. Imprescindível. (um link para explorar mais: http://www.allaboutjazz.com/php/article.php?id=35969)
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